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Josué Gomes da FIESP; o ex-Embaixador dos EUA no Brasil Thomas A. Shannon Jr.; o Ministro das Relações Exteriores do Brasil Mauro Vieira; e Brian Winter da AS/COA. (Foto: Everton Amaro / Fiesp)

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Council of the Americas aborda as relações Brasil-EUA em conferência em São Paulo

COA e FIESP convocaram líderes do setor privado e de governo, entre eles o chanceler Mauro Vieira, para debater os laços estratégicos entre os países.

São Paulo, 27 de agosto de 2025 — Council of the Americas (COA), em colaboração com a FIESP, realizou um fórum na terça-feira, 26 de agosto, na sede da FIESP, em São Paulo, com foco nas relações Brasil-EUA e no papel estratégico do setor privado na promoção de investimentos e integração entre os dois países.

A conferência, intitulada "O Novo Cenário Global e o Papel do Setor Privado nas Relações Brasil-EUA", abordou soluções conjuntas no atual contexto comercial e temas como energia, infraestrutura, sustentabilidade e inovação tecnológica, que desempenham um papel fundamental nos laços econômicos entre os dois países. A conferência contou com a presença de líderes do setor público, como o Ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, e de líderes de empresas como Embraer, The Boeing Company, Amazon Web Services, JBS e Salesforce.

Susan Segal, presidente e CEO da Americas Society/Council of the Americas, iniciou a conferência e falou sobre o poder do setor privado "em promover o engajamento e o diálogo". 

"Isso é particularmente verdadeiro em momentos desafiadores. Esses momentos destacam a importância do setor privado e a enorme oportunidade de se posicionar e liderar o caminho para relacionamentos mais fortes", disse Segal. "Nós, do Council of the Americas, estamos comprometidos em continuar o diálogo e expandir ativamente nosso engajamento com os setores público e privado brasileiros como forma de construir pontes mais fortes durante estes tempos desafiadores. Acreditamos que, no mundo dinâmico e em constante mudança de hoje, este é o único caminho a seguir".

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Ministro das Relações Exteriores do Brasil Mauro Vieira. (Foto: Everton Amaro / Fiesp)

 

Similarmente, o Presidente da FIESP Josué Gomes da Silva enfatizou a importância da cooperação do setor privado nestes momentos. "Eu acho que o momento não poderia ser mais oportuno [para esta parceria com COA]. Depende muito de nós—membros do setor privado—não só a manutenção dos 200 anos de relações comerciais e diplomáticas, entre nossos países, mas também o fortalecimento dessa relação", disse Gomes da Silva.

Durante sua intervenção, o Ministro Mauro Vieira destacou as ações que o governo brasileiro tem tomado para fomentar o diálogo com os Estados Unidos. "O comércio total de bens entre o Brasil e os Estados Unidos alcançou US$ 90 bilhões em 2024. É claro que o comércio continua crescendo e o déficit do Brasil continua aumentando. As alegações sobre supostas restrições do Brasil a produtos norte-americanos não procedem", disse Vieira. "Na relação com os Estados Unidos, seguiremos insistindo na necessidade de separar as questões comerciais das questões políticas. Esse é o único caminho possível para que a situação presente possa encontrar solução satisfatória, e para isso, a atuação do setor privado brasileiro é essencial".

O Vice-presidente do Brasil e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) Geraldo Alckmin dirigiu-se aos presentes através de um vídeo pré-gravado, no qual ressaltou a importância da relação bilateral.

"Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil. Hoje temos 10 mil empresas brasileiras exportando para os EUA e quase 4 mil empresas americanas instaladas no Brasil, gerando emprego, inovação e investimentos em diferentes setores. Essa é uma relação histórica e dinâmica, muitas vezes liderada pelo setor privado, e não se desfaz por conjunturas políticas”, destacou Alckmin. 

Tatiana Prazeres, secretária de comércio exterior do MDIC, discutiu as duas frentes que o governo adotou para responder as mudanças na política comercial americana: negociação diplomática e o apoio direto às empresas afetadas, destacando o Plano Brasil Soberano que ameniza o impacto tributário sobre exportadoras brasileiras. Prazeres também destacou o papel do setor privado e "uma agenda positiva a ser construída. O setor público e privado devem trabalhar juntos para reposicionar o comércio e a relação bilateral que hoje é marcado por dificuldades", disse.

Em um painel com membros do setor privado, Landon Loomis, presidente da América Latina e Caribe e vice-presidente de Política Global da Boeing Company, falou sobre a indústria da aviação e como o Brasil é um parceiro essencial, dado seu status como o segundo maior produtor de biocombustíveis e a capacidade de seu regulador, a ANAC, de certificar aeronaves. "Então o fato que tem o ANAC aqui, esse expertise é uma vantagem muito importante que o país e representa e também tem a capacidade técnica que foi construída durante muito tempo e agora representa uma grande oportunidade de o Brasil se inserir nesse mercado global de oito trilhões de dólares para aviação comercial".

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Painel de investimento e integração. (Foto: Everton Amaro / Fiesp)

Jennifer Prescott, diretora de comércio internacional e tributação e política pública da América Latina da Amazon Web Services e Alejandro Anderlic, chefe de governo e relações exteriores para a América Latina da Salesforce, falaram sobre inteligência artificial entre outras assuntos discutindo o potencial comercial brasileiro.

"Estamos muito entusiasmados com o que a IA generativa pode trazer para todo esse ecossistema de inovação. E, em um estudo recente que fizemos com uma empresa terceirizada, o Brasil ficou no topo de todos os países da América Latina, com uma taxa de adoção de IA de 40 por cento", disse Prescott.

"Como podemos, no setor privado, trabalhar juntos para capacitar a população não apenas para ser usuária da tecnologia [de IA], mas também criadora de tecnologia? Porque há muitas oportunidades no Brasil e em outros lugares da região para trabalhar no setor de TI", disse Anderlic.

O fórum continuou com um bate-papo informal entre o Vice-Presidente Executivo da COA Brian Winter e Thomas A. Shannon Jr., ex-embaixador dos EUA no Brasil e consultor político sênior da Arnold & Porter, sobre a perspectiva dos EUA sobre o relacionamento bilateral. Shannon disse que os desafios atuais na relação EUA-Brasil podem ser enfrentados se os laços inquebráveis entre as sociedades civil e, principalmente, entre os setores privados, forem destacados.

"Acredito que os setores privados desempenham um papel importante não apenas na proteção dos interesses do momento, mas na articulação dos interesses do futuro e do que podemos realizar juntos", disse Shannon.

Vice-ministro da Fazenda Dario Durigan falou sobre a importância do diálogo entre Brasil e EUA. "É preciso que a gente estabeleça aí uma mesa de negociação, um debate nacional respeitoso entre dois países soberanos, como o embaixador disse, as duas maiores democracias do hemisfério ocidental, duas potências econômicas, que têm uma história que devem honrar com diálogo e respeito mútuos nesse sentido", disse Durigan. 

Contato para imprensa: mediarelations@as-coa.org 

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