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O dia seguinte ao 7 de outubro venezuelano

By Christopher Sabatini and Andreina Seijas

Em análise para o jornal O Estado de São Paulo, o Diretor Sênior de Política da AS/COA Christopher Sabatini aponta uma possível paralisia política após a eleição presidencial venezuelana no dia 7 de outubro.

Enquanto algumas sondagens de opinião apontam o presidente Hugo Chávez com uma vantagem de 10 pontos sobre o governador de Miranda, Henrique Capriles, outras trazem o desafiante de 40 anos com ligeira vantagem. O desfecho da eleição presidencial de 7 de outubro na Venezuela está em aberto. Mas em meio à câmara de eco de previsões, a questão mais importante é o que haverá no dia seguinte, no 8 de outubro.

Isso porque tanto a recente pesquisa da Datanálisis mostrando Chávez na frente - ainda que com um número alto de eleitores indecisos tendendo para Capriles - ou a pesquisa de Consultores 21 que coloca o candidato da oposição 2 pontos porcentuais à frente, contam a mesma história: essa vai ser a eleição mais disputada desde o início da era Chávez.

Como em toda eleição apertada, ambos os lados estão usando os números conflitantes das sondagens para mobilizar eleitores e criar expectativa de vitória. Mas se essa expectativa não for concretizada, a tênue confiança que existe no processo eleitoral (já abalada pelo controle do governo sobre a autoridade eleitoral) poderá se evaporar.

Para um terço do país que provavelmente se mantém solidamente chavista, o presidente já declarou que sua vitória é inevitável. Para o outro terço que permanece solidamente contrário a Chávez, há muitas razões para questionar a lisura de uma eleição que testemunhou o abuso da mídia estatal e o uso inquestionável de dinheiro público para a campanha do atual presidente. Por sua parte, porém, a oposição mostrou pouco discernimento ao impugnar o sistema e os resultados eleitorais, como fez no referendo de 2004 e nas eleições legislativas de 2005. Desta vez estamos vendo uma geração diferente - mais organizada e otimista.

Se o 8 de outubro amanhecer e um candidato e seus apoiadores - acreditando que a vitória era sua - perderem por pequena margem, isso poderá facilmente provocar uma paralisia política. Numa Venezuela hiperpolarizada e violenta, essa percepção poderá causar tumultos, um perigo ainda mais agravado por suspeitas de milícias armadas leais ao governo.

Se o pior acontecer, o que farão os países vizinhos? Nos dois últimos meses, a região ficou de lado, esperando em parte que a eleição transcorra sem incidentes. Isso pode ocorrer e vamos esperar que sim.

Mas se não for esse o caso, o Brasil e outros países do Unasul precisam estar preparados para ajudar a curar as divisões de um país profundamente fraturado pela incerteza e a deterioração das instituições.

*Editorial Associate of Americas Quaterly Andreina Seijas co-authored this article.

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