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O interesse dos mediadores em um pacto histórico 

By Eric Farnsworth

Em análise para o jornal O Estado de São Paulo, o Vice Presidente de AS/COA Eric Farnsworth fala sobre as negociações de paz da Colômbia que começam em outubro na Noruega.

O anúncio, ontem, de que as negociações de paz entre o governo da Colômbia e as Farc começarão em breve, em Oslo, faz prever que essa será a melhor chance de uma paz duradoura desde o início do conflito. As Farc esgotaram seus recursos no campo de batalha e seus líderes estão mortos ou envelheceram. O grupo, formado de uma rebelião ideológica, evoluiu para uma ação essencialmente criminosa. O que constitui uma base difícil para manter uma luta contra um governo civil democraticamente eleito.

A liderança das Farc reconhece que o presidente Juan Manuel Santos está ansioso por um acordo e acredita que ele é a pessoa com a qual poderão concluir um acerto. O presidente está pessoalmente envolvido no processo e seus esforços tiveram um alto custo político. Para ele, finalizar um acordo é importante em termos políticos. As discussões preliminares e o arcabouço das negociações que já foi criado indicam uma seriedade de propósitos que não existia anteriormente. O sucesso das negociações depende, evidentemente, da confiança que os negociadores têm de que os termos de um acordo serão devidamente implementados e obedecidos de maneira honesta. Essa tem sido uma preocupação concreta nos esforços anteriores pela paz e serão necessárias medidas para fortalecer essa confiança.

Talvez surpreenda que Cuba e Venezuela estejam formalmente envolvidas no processo de paz, enquanto o Brasil e os EUA não estão. Este é o risco: os EUA deram o maior respaldo ao governo colombiano durante muitos anos, trabalharam para fortalecer a democracia e desenvolver a capacidade do Estado em todo o país, enquanto Cuba foi o respaldo das Farc. Sabe-se que a Venezuela também forneceu refúgio a guerrilheiros das Farc. Cuba e Venezuela talvez procurem ampliar as relações econômicas e políticas com a Colômbia, hoje a terceira maior economia da América Latina, facilitando um acordo em termos favoráveis na medida do possível para as Farc. Talvez também a Colômbia esteja cansada de ficar no meio de uma batalha mais ampla pela influência regional entre os EUA e o Brasil.

Quanto à Noruega, o país é conhecido por apoiar os esforços de paz no mundo todo, principalmente no acordo de 1993 entre Israel e os palestinos. Oslo patrocina também a entrega do Prêmio Nobel da Paz. Esses fatos não devem ter sido ignorados. 

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