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Discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Ocasião de Condecoração e Jantar na Americas Society

Pesident Luiz Inácio da Silva's prepared remarks delivered at the Americas Society/Council of the Americas after accepting the AS Gold Insigne award.

É uma honra ser condecorado pela Sociedade das Américas e pelo Conselho das Américas. Essas entidades vêm promovendo um diálogo indispensável. Aproximam os setores público e privado do hemisfério na busca de respostas para os desafios de um mundo em rápida transformação. Neste momento de incertezas sobre os rumos da economia mundial, este debate não poderia ser mais oportuno.

Apesar do pessimismo destes últimos dias, quero trazer-lhes uma mensagem distinta, uma palavra de otimismo. Uma mensagem de confiança no Brasil, um país para o qual quero despertar mais ainda vossa atenção. O Brasil deixou de ser “o país do futuro”, como antes se dizia. O  Brasil com o qual nós brasileiros sempre sonhamos está chegando. Os mais recentes indicadores econômicos e sociais apontam para uma mudança profunda e abrangente. Conquistamos a estabilidade democrática, pela solidez das instituições e pelo respeito às liberdades civis. E estamos vencendo o maior de nossos desafios: reduzir a pobreza e as desigualdades sociais.

Senhores  e senhoras, Foi aberto no Brasil um novo ciclo de investimentos e ganhos de produtividade. O Plano de Aceleração do Crescimento – o PAC – está estimulando todos os segmentos produtivos e eliminando gargalos logísticos. Apenas para a siderurgia e indústria naval, estamos aprovando projetos da ordem de 42 bilhões de dólares cada. Até 2010 chegaremos a mais de 280 bilhões de dólares em investimentos cobrindo desde habitação e saneamento até transporte, energia e recursos hídricos.

Aqui não estão incluídos os gigantescos investimentos que as novas descobertas de gás e petróleo na plataforma pré-sal vão exigir para os próximos anos. Nada disso seria possível sem uma   política macroeconômica responsável. O controle da inflação e a redução da dívida externa tornaram a economia brasileira menos vulnerável, livre de flutuações dramáticas no câmbio e nos juros.
Desde 2004, nossas exportações cresceram mais de 20% ao ano. Devem atingir 200 bilhões de dólares ainda este ano. Nossa resposta à globalização tem sido diversificar nossa economia, credenciando o Brasil como global player, como dizem aqui. A resposta serena do Brasil ao atual momento de turbulência internacional confirma o novo patamar de robustez e segurança que alcançamos.

Nessa caminhada, a parceria entre Governo, empresários e trabalhadores é indispensável. A eficiência e confiança do setor produtivo, sempre disposto a investir no País, é o nosso maior seguro contra as crises. O resultado de todo esse esforço é a veloz transformação do panorama econômico brasileiro: mais empregos e melhores salários; crescimento da demanda doméstica; nível recorde de reservas; fortalecimento dos mercados de crédito e de capitais.

Senhores e senhoras, Esses números pouco significariam se não traduzissem sensível melhora na qualidade de vida da população brasileira. O ambiente de estabilidade, o aumento do poder aquisitivo e as transferências de renda – via programas como o Bolsa Família, alavancaram o consumo das famílias brasileiras. É essa nova dinâmica social que torna o crescimento sustentável. Nos últimos dois anos, mais de 20 milhões de pessoas saíram da pobreza e se tornaram verdadeiros cidadãos. Hoje, esta classe média  tornou-se maioria no país: 86 milhões de brasileiros.Graças a isso construímos a maior garantia que um país pode ter contra crises globais - a força de um mercado interno que se expande a cada dia.

Desenvolvimento econômico e social equilibrado significa um meio ambiente saudável. Com o Plano Amazônia Sustentável, vamos assegurar condições de vida e trabalho digno para os 24 milhões de trabalhadores vivendo na região. Esta é a melhor garantia de que a queda de 59% no desmatamento da floresta amazônica, nos últimos quatro anos, será mantida. A energia necessária ao atual ciclo de desenvolvimento no Brasil vem de uma das matrizes mais limpas do mundo: 46% é composta por fontes renováveis. Em contraste, a média mundial não passa de 14%. Os biocombustíveis são um importante aliado nessa estratégia. Ao mesmo tempo em que reduzem as emissões de efeito estufa, podem gerar empregos em países pobres e mais segurança energética para todos. A aposta nos biocombustíveis não afetará a produção de alimentos, nem a proteção dos biomas.

Temos disponíveis 106 milhões de hectares de terras cultiváveis, ou seja, a soma dos territórios da França e da Espanha. Destes, menos de 2% são destinados ao plantio de matéria prima para os biocombustíveis, No entanto, para que a promessa dos biocombustíveis possa se cumprir é preciso eliminar barreiras e tratar o etanol como o que é: o petróleo verde. As alternativas energéticas do Brasil não param aí. Recentes descobertas de gigantescas reservas em nosso litoral deverão dobrar nossa produção petrolífera nos próximos 10 anos. Isso vai gerar oportunidades para empresas brasileiras e estrangeiras. Vamos garantir que os futuros recursos sejam utilizados de forma responsável nos projetos prioritários de desenvolvimento do país. No combate à pobreza e em investimentos na educação.

Amigas e amigos, O Brasil tem todas as condições para ajudar a responder os muitos desafios que confrontam o mundo no século XXI. Junto com seus vizinhos da América do Sul, dispõe de importantes recursos energéticos e minerais, de biodiversidade e de grande produção de alimentos, além de um mercado consumidor em expansão. Para realizar esse potencial necessitamos investimentos em infra-estrutura. Empresas brasileiras estão atuantes na região, com projetos de vulto em telecomunicações, energia, saneamento, habitação e transportes. Mas não alcançaremos nossa aspiração de viver em um continente de paz e tolerância, se não respondermos às expectativas por justiça e inclusão social.  
Cada país escolheu, de forma soberana e democrática, como responder a esses desafios. O Brasil respeita essas escolhas de nossos vizinhos. Contamos com a Sociedade das Américas para que nossos amigos neste país compreendam e valorizem essa rica diversidade. Estamos comprometidos com a integração regional. Unidos e coesos, multiplicamos nossas complementaridades e encontramos respostas próprias para nossos problemas.

É o que estamos fazendo ao criar a UNASUL e reforçar os laços com os demais países da América Latina e do Caribe. Esses são passos decisivos rumo a um hemisfério de paz, prosperidade e justiça. Confiamos que os Estados Unidos possam acompanhar essa caminhada, com espírito de cooperação e engajamento. Enxergamos nesta grande nação um parceiro indispensável. Pela força de um comércio bilateral que se aproxima dos 50 bilhões de dólares. Pelos avanços de nossa cooperação técnica e tecnológica. Pelo dinamismo dos investimentos recíprocos. Nossa agenda de diálogo com o Governo norte-americano tem se alargado e se aprofundado. Vai da preocupação com um desfecho favorável da Rodada Doha à  reforma da ONU e às questões do Oriente Médio. E tem como fio condutor o respeito mútuo.

Senhoras e Senhores, Sei que as atenções nos Estados Unidos estão voltadas para as eleições presidenciais em novembro. No passado, nessas ocasiões, tradicionalmente nos indagávamos por qual partido ou candidato o Brasil deveria optar.  Hoje, não precisamos mais fazer essa pergunta. O que importa é saber como nossos países vão potencializar ainda mais uma aliança nossas relações. Estão em jogo não apenas os benefícios de nossa parceria econômica e comercial, mas o futuro e o bem-estar das Américas.

Quero concluir dedicando a condecoração que acabo de receber a todos os brasileiros, especialmente àqueles que acreditaram e continuam acreditando em nosso projeto de criar um país melhor. Um Brasil melhor para todos. Quero agradecer, também, à confiança que todos vocês, parceiros e investidores, têm depositado no Brasil.

Espero poder continuar contando com a vossa companhia. Há muito por fazer e muitas oportunidades à nossa espera.

Muito obrigado.

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